terça-feira, 2 de março de 2010

LUZ



Sem perdas de tempo.

Um poema de que gosto e que me faz pensar nas coisas.

Nas que mais me importam.


Faz-se luz pelo processo
de eliminação de sombras
Ora as sombras existem
as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz mas no próprio seio dela
intensamente amantes loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem

Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina realmente os objectos
os objectos vivem às escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos e na boca

"Faz-se Luz", poema de Mário Cesariny, in "Pena Capital"

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