4. Capela da Lapa
Pois foi, Chaves acordou assim, o que é muito (bom, interessante e pouco frequente) para uma localidade aos 400 e picos metros de altitude.
Deixando de lado a beleza inerente a qualquer imagem de sítios/locais/objectos/... cobertos de neve, especialmente nesta altura do ano, chamo a atenção para duas imagens em especial, nomeadamente as que mostram a Praça (infelizmente é a melhor designação para a coisa) General Silveira, que são elucidativas para o "deserto urbano" (ou pista de patinagem no gelo, se preferirem) criado por quem de direito.
Desde já a minha admiração pelos heróicos aventureiros que se atreverem a atravessá-la.
Não sei porquê, mas veio-me à memória, assim, de repente, o poema de Augusto Gil, que gentilmente fui "obrigado" a decorar na escola (obrigado professora):
Deixando de lado a beleza inerente a qualquer imagem de sítios/locais/objectos/... cobertos de neve, especialmente nesta altura do ano, chamo a atenção para duas imagens em especial, nomeadamente as que mostram a Praça (infelizmente é a melhor designação para a coisa) General Silveira, que são elucidativas para o "deserto urbano" (ou pista de patinagem no gelo, se preferirem) criado por quem de direito.
Desde já a minha admiração pelos heróicos aventureiros que se atreverem a atravessá-la.
Não sei porquê, mas veio-me à memória, assim, de repente, o poema de Augusto Gil, que gentilmente fui "obrigado" a decorar na escola (obrigado professora):
BALADA DA NEVE
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim...
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim...
É talvez a ventania;
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento, com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudade, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
de uns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
- depois em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador
sofra tormentos... enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na natureza...
– e cai no meu coração.
Augusto Gil - Luar de Janeiro, 1909
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim...
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim...
É talvez a ventania;
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento, com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudade, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
de uns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
- depois em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador
sofra tormentos... enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na natureza...
– e cai no meu coração.
Augusto Gil - Luar de Janeiro, 1909
1 comentário:
posso acrescentar que são neste momento 12h:38m e continua a nevar ...
parabéns pelo blog e pelos posts de chaves.
M.C.L.
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