Fidalgo de Alandroal
(Foto de Luís Tata, retirada do blogue http://alandroal.weblog.com.pt/arquivo/2005_07.html)
(Foto de Luís Tata, retirada do blogue http://alandroal.weblog.com.pt/arquivo/2005_07.html)
É curioso como raramente se associa Arquitectura Paisagista com comida, mesmo quando, no fundo, aquela e esta progrediram muito em perfeita sintonia.
Não é por acaso que nos séculos da reconquista, os Reis portugueses incumbem as Ordens Religiosas (S. Bento, S. Francisco, Terceira, ...) de frades, freiras, monges, etc. de ocuparem e cuidarem das terras mais remotas do reino à medida que este era conquistado.
Esta medida está na génese de lugares de guarda de saberes e de estudo e transmissão dos mesmos - Conventos, Mosteiros, Ermidas e Abadias - que levam à criação nas cercanias de espaços de cultivo (cercas) de uma grande quantidade de plantas: ervas (aromáticas), arbustos e/ou árvores, associadas à cura de males físicos (doenças,...) e de alguns males fisico-espirituais (alimentação e afins).
Percebe-se assim a importância destes lugares como veículo transmissor durante a Idade Média da ideia de jardim/espaço de usufruto com plantas, muito avançada já, desenvolvida e disseminada pelos árabes nos territórios ocupados (e não, não me esqueci das influências gregas e, especialmente, romanas e persas, que a Arquitecta Paisagista Teresa Portela Marques me ensinou a amar).
É evidente na toponímia nacional de lugares e/ou produtos gastronómicos a influência e o grau de interligação destes factores, sendo muitos deles exemplo do melhor aproveitamento do que o mundo oferecia ao homem de então. Coisa que hoje talvez não seja bem assim, infelizmente.
Apetece-me rematar este post com uma refeição (dita de sonho) que, provavelmente nunca será concretizada, por motivos óbvios - afinal o desejo também é criador dos sonhos que comandam a vida.
Cá vai então (rio-me, trinchando uma bela de uma saladinha de tomate temperada com um qb. de azeite virgem 07º, sal e um sopro de vinagre de cidra e uns cubinhos de queijo fresco):
Sem entradas, porque gosto de ir directo ao assunto começaria por um caldo verde da minha mãe com duas rodelas de fumeiro e um fio de azeite de Lagoaça, ao que se seguiriam umas tripas-aos-molhos da avó do Pedro do Chaxoila em Vila Real (que me dizem serem divinais), rematando estas com uma porção de chanfana ou leitão (da bairrada) da minha sogra na Bendafé, tudo regado com um bom cálice de tinto (diria antes com um cálice de bom tinto, deixando à consideração do leitor a região).
Para terminar em beleza, ia bem um cafézinho brasileiro e um "russo" da "Si-Si" de Condeixa, com a certeza que também faria um brilharete um belíssimo "abade de apriscos", um "fidalgo" ou uma singela "barriga-de-freira".
Bem, bem, é aqui que eu considero que escrever dá fome e apesar de não estar a falar de quantidade mas de qualidade, vou mas é acabar a saladinha, que já se faz tarde!
Não é por acaso que nos séculos da reconquista, os Reis portugueses incumbem as Ordens Religiosas (S. Bento, S. Francisco, Terceira, ...) de frades, freiras, monges, etc. de ocuparem e cuidarem das terras mais remotas do reino à medida que este era conquistado.
Esta medida está na génese de lugares de guarda de saberes e de estudo e transmissão dos mesmos - Conventos, Mosteiros, Ermidas e Abadias - que levam à criação nas cercanias de espaços de cultivo (cercas) de uma grande quantidade de plantas: ervas (aromáticas), arbustos e/ou árvores, associadas à cura de males físicos (doenças,...) e de alguns males fisico-espirituais (alimentação e afins).
Percebe-se assim a importância destes lugares como veículo transmissor durante a Idade Média da ideia de jardim/espaço de usufruto com plantas, muito avançada já, desenvolvida e disseminada pelos árabes nos territórios ocupados (e não, não me esqueci das influências gregas e, especialmente, romanas e persas, que a Arquitecta Paisagista Teresa Portela Marques me ensinou a amar).
É evidente na toponímia nacional de lugares e/ou produtos gastronómicos a influência e o grau de interligação destes factores, sendo muitos deles exemplo do melhor aproveitamento do que o mundo oferecia ao homem de então. Coisa que hoje talvez não seja bem assim, infelizmente.
Apetece-me rematar este post com uma refeição (dita de sonho) que, provavelmente nunca será concretizada, por motivos óbvios - afinal o desejo também é criador dos sonhos que comandam a vida.
Cá vai então (rio-me, trinchando uma bela de uma saladinha de tomate temperada com um qb. de azeite virgem 07º, sal e um sopro de vinagre de cidra e uns cubinhos de queijo fresco):
Sem entradas, porque gosto de ir directo ao assunto começaria por um caldo verde da minha mãe com duas rodelas de fumeiro e um fio de azeite de Lagoaça, ao que se seguiriam umas tripas-aos-molhos da avó do Pedro do Chaxoila em Vila Real (que me dizem serem divinais), rematando estas com uma porção de chanfana ou leitão (da bairrada) da minha sogra na Bendafé, tudo regado com um bom cálice de tinto (diria antes com um cálice de bom tinto, deixando à consideração do leitor a região).
Para terminar em beleza, ia bem um cafézinho brasileiro e um "russo" da "Si-Si" de Condeixa, com a certeza que também faria um brilharete um belíssimo "abade de apriscos", um "fidalgo" ou uma singela "barriga-de-freira".
Bem, bem, é aqui que eu considero que escrever dá fome e apesar de não estar a falar de quantidade mas de qualidade, vou mas é acabar a saladinha, que já se faz tarde!
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