segunda-feira, 8 de junho de 2009

Rua do Olival

.


Entre dois golos de café, curiosamente num café sem nome à vista, penso nela e na importância que tem hoje para a cidade de Chaves.

Para começo, é preciso situá-la: vai do Tabolado ao Forte de S. Francisco, numa ladeira suave contendo do seu lado esquerdo (quem sobe, para Norte) o que resta e evoluiu do antigo casario, ficando o novo do lado oposto, no local do antigo mercado e tendo a meio o Centro Comercial Charlot. É uma rua interessante e com algumas características interessantes.

|adaptado de imagem do Google Earth|

Quanto à designação, e apesar de a toponímia de Firmino Aires (AIRES, F. 1990. Toponímia flaviense. C. Mun. Chaves) se referir a ela como a rua Cândido dos Reis e de haver referência escrita a uma anterior designação como rua das Amoreiras (plantadas segundo aquela fonte, como incentivo ao comércio de tecidos - seda em especial), o nome mais usado é rua do Olival, cuja origem estará relacionada com um antigo olival que existira para os lados do Forte, provavelmente no local onde agora é um estacionamento público, e cujo azeite serviria (provavelmente) a capela de Nª Sª da Lapa que ainda ali se encontra. Hoje, desde a intervenção POLIS, esta rua tem, de facto, oliveiras, fazendo jus ao nome.

|digitalizado a partir de ilustração de AIRES, F. (1990)|


|rua do Olival, com Tribunal ao fundo, em Junho de 2009|


|rua do Olival, com Forte de S. Francisco ao fundo, em Junho de 2009|


|pormenor da folhagem e floração das Olea europaea existentes actualmente|


Como se disse, o traçado desta rua é uma verdadeira viagem pela história da ocupação humana de Chaves; o início está ligado aos períodos de ocupação romana (e árabe, posteriormente) com a presença das Termas Romanas postas a descoberto vai para dois anos, passando pela evolução medieval de muralhas (ou dos seus restos) existentes e correspondendo a construções, destruições e reconstruções das mesmas e do casario, principalmente da parte exterior da cidade medieval (tabolado); muralhas essas que ainda estão presentes (Séc. XVII e posteriores) - visíveis sob a forma de muretes/ canteiros de Bergenia cordifolia (na maioria é mesmo terra batida) e que separavam o desnivel que vai da rua para o antigo mercado. O final da rua liga dois polos importantes: as traseiras do Convento de Freiras da Ordem de Nª Sª da Conceição (actual Escola Secundária Fernão de Magalhães ou, simplesmente, o Liceu), erigido em Janeiro de 1685 e o Largo de Nª Sª da Lapa, em frente ao Forte de S. Francisco - antigo convento franciscano de Nª Sª do Rosário.

Recordo que Chaves recebeu o primeiro Foral de D. Dinis em 15 de Maio de 1258 e o Foral Novo de D. Manuel em 7 de Dezembro de 1514, sendo mandados erigir por essa altura os dois Fortes existentes na cidade (S. Francisco e S. Neutel), sendo elevada a categoria de Cidade em 12 de Março de 1929, pelo Decreto 16.621.

Bom, um aspecto interessante é a utilização desta rua - comércio e circulação, que parece manter-se inalteravel com o passar do tempo - cada vez mais vital (na minha opinião) para o fluir da cidade.

Vale a pena percorrê-la a pé e devagar, disso não tenho a menor das dúvidas!

Não é possível amar uma cidade e intervir nela activamente sem a conhecer.

Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

OS 7 MAIS LIDOS